Boris Casoy sem censura: Polêmico, formador de opinião

Boris Casoy sem censura: Polêmico, formador de opinião

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ABR/15 – pág. 12

Autor de frases que se tornaram célebres: “Isso é uma vergonha!” e “O Brasil precisa ser passado a limpo!”, o jornalista ancora o “Jornal da Noite”, na Band, e os noticiários da rádio BandNews FM. Exclusivo para o “Jornal Nossa Gente”

Boris3Há 30 anos atuando na televisão brasileira -60 anos de jornalismo -,Boris Casoy é um dos mais importantes âncoras do país, atualmente no comando do “Jornal da Noite”, na Band, telejornal voltado para as classes A e B, consolidando o seu posto de formador de opinião nos fins de noite. Autor de frases que se tornaram célebres: “Isso é uma vergonha!” e “O Brasil precisa ser passado a limpo”, Casoy também ancora os noticiários da rádio BandNews FM. Bem-humorado, o jornalista surpreende os que não o conhecem fora da bancada de notícias, pois a forma austera e precisa como conduz os fatos, dá passagem ao estilo brincalhão e descontraído longe dos estúdios. “O meu bom humor é o de todos os dias”, avisa. “Claro que a notícia deve ser passada com seriedade, mas também procuro conduzir os fatos com humor. É importante um dose de humor nos acontecimentos”, diz.


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Com total exclusividade ao “Jornal Nossa Gente”, Boris Casoy abriu espaço em sua agenda, abarrotada de compromissos, para falar do momento delicado em que atravessa o Brasil, no âmbito político e econômico; da sua missão diante das câmeras e do compromisso diário nos bastidores da notícia. Uma atividade intensa que traduz a carreira bem sucedida, ele que foi editor-chefe da “Folha de S. Paulo”, também responsável pela “Coluna Painel”, uma das mais lidas do periódico. O governo desastroso de Dilma Rousseff e uma mensagem especial aos emigrantes brasileiros.

Jornal Nossa Gente – O Brasil, politicamente falando, passa por um momento delicado, colocando em xeque a credibilidade do governo de Dilma Rousseff. Como o senhor vê a questão?

Boris Casoy – Sem dúvida é um momento difícil para o Brasil, diante do quadro agravante da corrupção, comprometendo o segundo mandado da presidenta Dilma Rousseff. O Partido dos Trabalhadores (PT), que era uma promessa, transformou-se em decepção generalizada. A população não acredita mais na visão otimista que o partido passa, pois a realidade não condiz com o que tentam mostrar. A população não consegue enxergar realidade cor de rosa porque os fatos desmentem isso. Você tem como exemplo a campanha da presidenta em 2014. Ela fez promessas infundadas, incutindo um cenário róseo do país, mas o panorama é outro. As promessas da Dilma não estão sendo cumpridas e isso tem gerado descontentamento. O governo federal deu um cavalo de pau no projeto econômico. O que nos leva a isso? A uma sucessão de erros da presidenta, que reconheceu o próprio erro e isso vem refletindo na população. Ela inverteu o processo político e acumulou uma dívida astronômica e vamos ter de pagar a conta. E olha que não é barato. Em três meses de governo a credibilidade de Dilma ficou abalada, transformando-se em um cenário assustador. Desnecessariamente ela estabeleceu um conflito com o Congresso e agora é tarde para reverter isso. O problema do Brasil é muito mais político do que econômico.

JNG – Sediar a Copa do Mundo foi um passo errado do governo federal?

BC – Gastou-se muito e até hoje o governo não conseguiu finalizar algumas obras e já estamos prestes a sediar as Olimpíadas em 2016. Sinceramente, não sei o que será do evento porque obras estão paralisadas e isso pode comprometer os jogos. Vamos esperar.

JNG – O Jornal da Noite que o senhor ancora na Band está voltado a um público específico?

BC – O enfoque do jornal é para as classes A e B, mas temos audiência nas classes C e D. Os assuntos estão voltados para a economia e a política, embora não descartamos mostrar os acontecimentos do cotidiano de uma forma geral. Temos o cuidado no trato da notícia para não se transformar em conversa de bar. É preciso analisar os fatos com cuidado. O palavreado não pode ser ofensivo, portanto, há um empenho da equipe neste sentido. Participo e oriento na elaboração das pautas para o jornal.

JNG – O termo liberdade de expressão vem sendo debatido nos meios de comunicação. Como o senhor vê a questão?

BC – A liberdade de expressão é ameaçada. O PT por exemplo tentou o controle e censura. Usou de todos os métodos para isso. Basta ver o projeto que o ex-presidente Lula (Luís Inácio da Silva) enviou para o congresso para o controle da mídia (em agosto de 2004, o governo enviou ao Congresso o projeto de lei nº 3985/2004 que criava o Conselho Federal de Jornalismo, cuja finalidade era “orientar, fiscalizar e disciplinar” a profissão de jornalista). Houve certa pressão, mas a imprensa livre é incompatível com o projeto. Tentam culpar a imprensa, mas a imprensa deve ser livre para exercer o seu papel. Cercear a informação é um retrocesso da Democracia.

JNG – Hoje no Brasil discute-se sobre a maioridade aos 16 anos. Um projeto que tramita no Congresso. Qual a sua opinião?

BC – É uma necessidade porque os menores infratores gozam de impunidade e se beneficiam disso. Eles são usados pelos maiores para cometer crimes. Eu sou a favor que a maioridade passe a ser aos 16 anos. O perfil do menor hoje é bem diferente do menor de idade há 20 anos atrás. As medidas cabíveis devem ser tomadas, com certeza.

JNG – O fluxo de emigrantes brasileiros no mundo cresceu consideravelmente, principalmente nos Estados Unidos. Como o senhor avalia essa busca por outros países?

BC – Estamos vivendo um período importante de transição. É difícil fazer considerações. Acredito que este não seja o momento ideal para voltar ao Brasil, para quem vive fora do país, mas, por outro âmbito, a economia do mundo está em dificuldades. Não posso fazer considerações para A ou B porque é muita responsabilidade. Tudo é uma incógnita e as mudanças no mundo ocorrem a todo momento. Não gostaria de estabelecer aqui metas para pessoas que estão definindo o seu caminho fora do Brasil. Compete a cada uma delas a decisão.

JNG – Mas o que falta ao Brasil para conter a fuga de brasileiros?

BC – Falta ao Brasil uma direção política mais séria. O nosso problema é político. O país tem recursos, mas os recursos vêm sendo lesados pelo alto índice de pessoas corruptas. Temos pessoas empreendedoras, capacitadas, entretanto, relegadas pela falta de um governante de pulso, que possa mudar os rumos da degradação em que nos encontramos. Mas, por outro lado, torço pelos brasileiros que estão fora do país e espero que eles sejam bem sucedidos em seus empreendimentos. Há um contingente muito grande de brasileiros nos Estados Unidos, principalmente na Flórida e a eles envio o meu abraço fraternal.

JNG – O senhor viaja com frequência nos períodos de folga. Algum país em especial nas próximas férias?

BC – Ultimamente tenho viajado menos. Tenho ficado em São Paulo. Acho que é um pouco de preguiça (sorri). Não decidi ainda o meu destino.

Trajetória de Boris

Em 1968, Boris Casoy foi nomeado Secretário de Imprensa de Herbert Levy, Secretário de Agricultura do governo Abreu Sodré, em São Paulo, permanecendo no cargo em 1969 com a mudança do titular da pasta. Em 1974, ingressou na “Folha de São Paulo”, seu primeiro trabalho em jornal, onde foi editor de política e, apenas três meses depois, chegou a editor-chefe. O período de Boris como editor-chefe e diretor de redação foi marcado por grandes transformações no jornal, que consolidou a sua liderança dentro da imprensa brasileira e onde chegou a ser o colunista chefe da “Coluna Painel”, uma das mais lidas do periódico.

No SBT ancorou o “TJ Brasil”, lá ficando até 1997, onde formou parcerias com as jornalistas Lilian Witte Fibe e Salete Lemos. Depois, foi contratado pela Rede Record junto com Salete, onde trabalhou durante oito anos, apresentando o “Jornal da Record” até dezembro de 2005. Em 2008 foi para a a Rede Bandeirantes e atualmente é o âncora do “Jornal da Noite”.

WaltherAlvarenga

Walther Alvarenga



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