A economia depois da eleição de Donald Trump

A economia depois da eleição de Donald Trump

Edição de novembro/2016 – pág. 32

Menos de uma semana depois da eleição do Sr. Trump para Presidente, está muito difícil saber o que realmente podemos esperar do futuro em relação à economia americana. Muita especulação e muitos palpites, mas há sempre um ponto estrutural que não pode ser abalado. Li vários artigos e ouvi alguns comentaristas econômicos na rádio e TV, e encontrei uma descrição feita por um consultor de um banco de porte médio como a mais serena e sensata para este momento.

A seguir, os principais pontos e a visão vinda de alguém que está no mercado financeiro:


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  • os mercados financeiros ficaram relativamente calmos desde a eleição embora tenham estado muito agitados no final da tarde da terça-feira (dia da eleição) quando da possível vitória do Sr. Trump. Iremos saber agora o quanto do que o Sr. Trump disse, durante as primárias e a corrida para a Casa Branca, ele realmente fará e o que foi só conversa de fachada. Com um Congresso controlado pelos republicanos e um grupo de líderes empresariais experientes cercando o novo presidente, como conselheiros e membros do seu gabinete, nós esperamos que o presidente eleito troque o seu discurso extremista para uma posição mais ao centro-direita, o que deverá redundar em mais políticas de crescimento;
  • na opinião dos consultores, o Sr. Trump apoiou suas posições extremas em muitos tópicos para chamar a atenção dos Estados Unidos e o fez como nunca! O Donald Trump que vimos na campanha não será o Donald Trump que será o Líder do Mundo Livre. Vejamos, o comércio exterior, por exemplo. Os Estados Unidos sempre foram a favor do “comércio livre”, mas também sempre apoiou o “comércio justo”. Então, acredita-se que a postura declarada do Sr. Trump sobre a política comercial nos últimos 17 meses estará abrindo ressalvas nas negociações comerciais, e não nas prováveis posições políticas que pretende atingir;
  • Sr. Trump tem uma agenda fiscal pró-crescimento em termos de redução da alíquota do imposto de renda corporativo, repatriando os lucros no exterior das multinacionais norte-americanas – estimulando gastos de capital de negócios e gerando empregos – e uma simplificação das normas de imposto de renda pessoa física. Espera-se que o Presidente eleito promova a indústria de geração de energia doméstica, integrando desde as grandes companhias de petróleo até perfuradores e companhias de oleodutos. Em seu discurso de confirmação na noite de terça- feira, Trump enfatizou seus planos de aumentar as despesas com infraestrutura em todo o país, estimulando o crescimento e a criação de emprego;
  • embora Sr. Trump tenha declarado que substituiria Janet Yellen como presidente do Banco Central Americano (Federal Reserve), porque ele sente que ela tem sido demasiado branda em termos de elevar ou “normalizar” as taxas de juros, temos que ter em mente que há seis outros membros no conselho – parte do sistema de decisões do Federal Reserve que são membros votantes do Comitê Federal para o Mercado Aberto (Federal Open Market Committee – FOMC). Além disso, há doze outros presidentes do Federal Reserve Bank  que também opinam em sistema de rotação, como membros votantes do FOMC;
  • Federal Reserve tem uma missão legislativa como objetivo para obter para o país o que for melhor para que haja o máximo de empregos, preços estáveis e taxas de juros de longo prazo moderadas. Dentro dessa estrutura, não se espera uma mudança radical na política do banco central da nação, independentemente de quem seja o presidente. Lembre-se, ainda, de que os investidores de renda fixa, em última análise, controlam o mercado de títulos (bond market) e também os rendimentos dos títulos acima de um a dois anos;
  • se o Federal Reserve tomar uma atitude mais agressiva após a vitória de Trump, os rendimentos em títulos de renda fixa de prazo mais longo diminuiriam à medida que o mercado desacelerasse devido à lentidão do crescimento e moderasse as pressões inflacionárias, compensando parcial ou totalmente a política monetária mais restritiva do Federal Reserve;
  • apenas como última questão em relação ao Federal Reserve, não será surpresa se Janet Yellen renunciar a sua posição como presidente do Federal Reserve antes do final de seu mandato de quatro anos (marcado para terminar em fevereiro de 2018) se ela sentir que o presidente eleito não a apoiará para continuar no cargo;
  • espera-se também que o Sr. Trump e o Congresso Republicano reduzam muitas  indefinições do ObamaCare, especialmente o que não está bem definido no programa, neste  momento. Em relação à enorme carga regulamentária, que envolveu o setor de seguro saúde nos últimos oito anos, espera-se que será resolvida e revertida, eliminando portanto os complicadores desse setor da economia;
  • rendimentos em títulos de longo prazo tendem a subir um pouquinho  durante o próximo ano. Quando você combina uma perspectiva de um crescimento econômico mais saudável com o aumento nos salários passando para 2,8% ano a ano em relação ao salário médio por hora  – comparado com 2,1% – 2,2% no verão de 2015 – encontramos o quanto será o rendimento sobre um título de 10 anos do Tesouro para esperar um aumento de uma faixa de 2,0% para 2,5% em curto prazo.

Este país já passou por várias eleições complicadas e decepcionantes e sempre sobreviveu a elas com crescimento e desenvolvimento. Não será esta a eleição que trará retrocesso ao país. A máquina empresarial americana tem muita força social e política, e deve nortear o aspecto econômico para o próximo mandato presidencial. Seja como for, não se deixe contaminar por aspectos emocionais quando se tratar de investimentos e de empreendedorismo. Temos que saber que estamos na maior potência econômica do planeta e este país não chegaria até aqui se não tivesse estrutura sólida de proteção ao patrimônio e blindagem a projetos inconsistentes com a Constituição Americana.



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