A alimentação do bebê

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SET/12 – pág. 54

Antes dos seis meses, não ofereça complementos ao leite materno.


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Passo 1 – Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.

 

Revendo seus Conhecimentos

Para que o aleitamento materno exclusivo seja bem-sucedido é importante que, além da mãe estar motivada, o profissional de saúde saiba orientá-la e apresentar propostas para resolver os problemas mais comuns enfrentados por ela durante a amamentação. Por que as mães oferecem chás, água ou outro alimento? Porque acham que a criança está com sede, para diminuir as cólicas, para acalmá-la a fim de que durma mais, ou porque pensam que seu leite é fraco ou pouco e não está sustentando adequadamente a criança. Nesse caso, é necessário admitir que as mães não estão tranquilas quanto à sua capacidade de amamentar. É preciso orientá-las:

• que o leite dos primeiros dias pós-parto, chamado de colostro, é produzido em pequena quantidade e é o leite ideal nos primeiros dias de vida, principalmente se o bebê for prematuro, pelo seu alto teor de proteínas;

• que o leite materno contém tudo o que o bebê necessita até o 6 ºmês de vida, inclusive água. Assim, a oferta de chás e água é desnecessária e pode prejudicar a sucção do bebê, fazendo com que este mame menos leite materno, pois o volume desses líquidos irá substituí-lo. Esses representam um meio de contaminação que pode aumentar o risco de doenças. A oferta desses líquidos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o bebê engula mais ar (aerofagia) propiciando desconforto abdominal pela formação de gases e, consequentemente, cólicas no bebê. Além disso, instala-se a confusão de bicos na hora de mamar no peito, dificultando a pega correta da mama pelo bebê (ver quadro ao lado).

A pega errada vai prejudicar o esvaziamento total da mama, impedindo que o bebê mame o leite posterior (leite do final da mamada), que é rico em gordura, diminuindo a saciedade e encurtando os intervalos entre as mamadas. Assim, a mãe pode pensar que seu leite é insuficiente e fraco. Esses intervalos mais curtos entre as mamadas levam ao aumento da fermentação da lactose (açúcar do leite), agravando as cólicas do bebê.

Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado, ficam ingurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite. Isso ocorre devido ao aumento da concentração de substâncias inibidoras da produção de leite.

 

O que a Mãe Deve Saber

• que o leite materno contém a quantidade de água suficiente para as necessidades do bebê, mesmo em climas muito quentes;

• a oferta de água, chás ou qualquer outro alimento sólido ou líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além de substituir o volume de leite materno a ser ingerido, que é mais nutritivo;

• o tempo para esvaziamento da mama depende de cada bebê: há aquele que consegue fazê-lo em poucos minutos e aquele que o faz em trinta minutos ou mais.

 

Sinais Indicativos de que a Criança está Mamando de Forma Adequada

Boa pega: o queixo está tocando o seio; lábio inferior virado para fora; há mais aréola visível acima da boca do que abaixo; ao amamentar, a mãe não sente dor no mamilo.

Boa posição: o pescoço do bebê está ereto ou um pouco curvado para trás, sem estar distendido; a boca está bem aberta; o corpo da criança está voltado para o corpo da mãe; a barriga do bebê está encostada no tórax da mãe; todo o corpo do bebê recebe sustentação; o bebê e a mãe devem estar confortáveis.

 

Produção Versus Ejeção do Leite Materno

A produção adequada de leite vai depender predominantemente da sucção do bebê (pega correta, frequência de mamadas), que estimula os níveis de prolactina (hormônio responsável pela produção do leite). Entretanto, a produção de ocitocina, responsável pela ejeção do leite, é facilmente influenciada pela condição emocional da mãe (autoconfiança). A mãe pode referir que está com pouco leite. Nesses casos, geralmente, o bebê ganha menos de 20g por dia, molha menos de seis fraldas por dia e, ao toque, as mamas da mãe apresentam-se flácidas. O profissional de saúde pode reverter essa situação orientando a mãe a colocar a criança mais vezes no peito para amamentar, inclusive durante a noite, observando se a pega do bebê está correta.

 

Ao Amamentar

• a mãe não deve ficar cansada, as costas precisam estar apoiadas em um sofá ou poltrona e o bebê apoiado sobre o colo materno. O uso de almofadas ou travesseiros pode ser útil;

• ela não deve sentir dor. Se isso estiver ocorrendo, significa que a pega está errada;

• a mãe que amamenta deve beber, no mínimo, um litro de água pura diariamente e estimular o bebê a sugar corretamente e com mais frequência (inclusive durante a noite).

 

A introdução dos alimentos complementares

Passo 2 – A partir dos seis meses, as necessidades nutricionais da criança já não são mais atendidas somente com o leite materno, embora este ainda continue protegendo-a contra enfermidades e sendo uma fonte importante de calorias e nutrientes. O leite materno deve ser mantido, porém a criança já apresenta maturidade fisiológica e neurológica para receber outros alimentos. Com a introdução dos alimentos complementares, é importante que a criança receba água nos intervalos. Antes de qualquer coisa, devemos lembrar que o bebê está descobrindo um mundo novo, está em fase de aprendizagem, onde tudo é novidade. O bebê não nasce sabendo comer. Ele precisa ser ensinado. E para isso: paciência!

É comum as mães se queixarem de que o bebê “joga a comida para fora” quando começam a comer. Normalmente, as mães se desesperam, acham que a comida está ruim, que o bebê não gosta de comer, que ele não gosta da comida da mamãe, que está sem tempero, que ele está doente… São tantas as dúvidas e receios! A questão é simples. A criança possui um reflexo, chamado reflexo de protusão, que faz com que ele leve a língua à frente da boca e faça uma leve pressão no peito materno para ajudar a saída do leite. Quando ele começa a se alimentar, continua repetindo esse reflexo e a alimentação é “jogada para fora”, por isso, é necessário paciência para que a criança entenda o ato de mastigar e engolir o alimento como novos movimentos além do movimento de protusão que continuará existindo. A boa notícia? O bebê aprende muito rápido!

 

O que a Mãe Deve Saber

A introdução dos alimentos complementares deve ser lenta e gradual. A mãe deve ser informada de que a criança tende a rejeitar as primeiras ofertas do(s) alimentos(s), pois tudo é novo: a colher, a consistência e o sabor. A alimentação complementar, como o nome diz, é para complementar o leite materno não para substituí-lo. A introdução das refeições não devem substituir as mamadas.

No início, a quantidade de alimentos que a criança ingere é pequena e a mãe pode oferecer o peito após a refeição com os alimentos complementares. Há crianças que se adaptam facilmente às novas etapas e aceitam muito bem os novos alimentos. Outras precisam de mais tempo, não devendo esse fato ser motivo de ansiedade e angústia para as mães. A partir da introdução dos alimentos complementares, é importante oferecer água à criança, a mais limpa possível (tratada, filtrada ou fervida).

 

E qual o primeiro alimento que deve ser introduzido?

O primeiro passo é começar com 1 legume cozido no vapor ou com pouca água, em fogo brando e com a panela semitampada. Esse legume inicialmente é cozido sem temperos. Isso mesmo! Sem temperos e, quando falo nisso, refiro-me especialmente ao sal! Já falamos que a criança está em fase de aprendizado, logo, tudo o que ensinarmos para ela, neste período, terá grande chance de ser reproduzido por toda a vida. Assim ela poderá controlar um pouco mais o sal durante a vida e evitar doenças relacionadas, como a hipertensão arterial. Outro motivo é que a criança ainda não está com os rins totalmente formados e vamos evitar sobrecarregá-los neste período. Os demais temperos, sempre naturais, podem ser utilizados, mas não são necessários e procura-se evitá-los, inicialmente, para que a criança conheça e aprenda a gostar do sabor natural dos alimentos.

Depois de cozido, o legume deve ser amassado com o garfo. Peneiras e liquidificadores nunca devem ser utilizados, pois são fontes de contaminação, bem como retiram as fibras do alimento que ajudam no controle da glicemia, do colesterol e do intestino, e não estimulam a musculatura da face do bebê e a dentição. Após amassado, deve ser colocado 1 colher de sobremesa de óleo vegetal, preferencialmente óleo de oliva extra-virgem ou óleo de canola. O óleo não pode deixar de ser colocado. Ele serve para evitar que a criança perca peso, pois o legume será servido como se fosse um almoço e substituirá um horário de mamada.

O objetivo de começar com 1 legume só é para observar eventuais alergias, intolerâncias e preferências naturais da criança. Quando o bebê já conhecer o legume e não tiver tido nenhum problema relacionado, pode incluir outro novo legume junto.

Após isto, acrescentam-se progressivamente, arroz, feijão, carne e fruta nos lanches e o jantar. A fruta não é a primeira a ser introduzida na alimentação do bebê porque, devido ao seu sabor doce, pode fazer com que a criança tenha mais dificuldade para aceitar os demais alimentos. A fruta também deve ser amassada no garfo.

No primeiro ano de vida: evitar oferecer morango devido à grande quantidade de agrotóxico e evitar excesso de frutas cítricas (limão, laranja, tangerina) devido ao alto grau de alergenicidade, especialmente em crianças que não estão sendo amamentadas. Frutas como abacaxi, laranja e tangerina devem ser experimentadas antes de oferecer ao bebê, pois, se a fruta estiver muito ácida, não deve ser oferecida ao bebê.

Durante o primeiro ano de vida, NÃO devem ser oferecidos à criança leite e derivados (incluindo iogurtes feitos para criança) e alimentos que contenham glúten (pães, biscoitos, macarrão, massas etc.) devido ao risco de alergias e intolerâncias.

No primeiro ano de vida, também NÃO deve ser oferecido mel devido ao risco de contaminação por clostridium botulinum, responsável pelo botulismo infantil (doença que atinge o sistema neurológico da criança).

É importante lembrar que, durante todo este processo, o aleitamento materno deve ser mantido.

Se você tiver dúvidas relacionadas à introdução da alimentação complementar, procure um nutricionista!

Elaine Peleje Vac
elaine@nossagente.net
(Médica no Brasil)
Não tome nenhum medicamento sem prescrição médica.
Consulte sempre o seu médico.



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